This post presents a briefly discussion on the process of intellectualization of religions in Africa and the African diaspora.

Babalawo ifafemi Bogunmbe(priest/spiritual healer - An ifa priest - Ogunda meji temple ibadan nigeria

Early on, the authors noticed that more than their peers in academia, the bulk of the readers of their scientific productions came from their research contexts. This is particularly evident in African-American religions. The eminently hypertrophic ritual character (Prandi, 2000) of these religions, where the doing constitutes the religious ethos itself (Ferreira Dias, 2013a) overcoming the cosmological dimensions, the aspects linked to collective memory and the normative importance of the processes of learning and transmission of knowledge (Berliner & Sarró, 2007), does not avoid, by comparison with the so-called Abrahamic religions, hermeneutic challenges for their members. The production of new religious dynamics, resulting from globalization and, with it, the growing transnationalisation of religions and New Age movements, where religion takes on a market dimension, leads to a ‘rational choice’ (Stark & Bainbridge, 1985) in the selection between religious offers, also giving rise to an intense search for religious knowledge which contests the classic logic of learning. It is not surprising, then, that Sérgio Ferretti (2001) reports the normative importance of his and his wife’s work for the Xangô of Pernambuco or that Salamone (2001) reveals the occasion of a Yorùbá bàbáláàwó who presents himself as an ‘anthropologist in training.’ The classic transit between academia and the terreiros of Bahian Candomblé (Seeber-Tegethoff, 2007; Castillo,2010) not only brought ritual importance to reading (it is enough to see the impact of the work of Pierre Verger or Juana Elbein dos Santos), but also a scientification of the religious discourse, accelerated by the departure of devotees to universities (Seeber-Tegethoff, 2007; dos Santos & dos Santos, 2013), after an initial wave of researchers who moved from the academy into the terreiros.This process of intellectualization of the religious discourse led Paul Christopher Johnson (2002) to coin the term ‘Protestant Candomblé.’ In other ‘afro-religious’ scenarios, one can find similar processes. Umbanda, considered ‘ the Brazilian religion par excellence, ‘which perpetuates the myth ‘of the three races’ (Furuya, 1974; Ortiz, 1978),…

Angela Davis é uma importante teórica política, filósofa e ativista norte-americana, cujo trabalho abrange diversas áreas, incluindo feminismo negro, abolição do sistema prisional e luta por direitos civis. Sua obra tem sido influente para muitas pessoas e movimentos sociais em todo o mundo.

Angela Yvonne Davis é uma figura incontornável do pensamento (afroamericano) contemporâneo e da luta contra o racismo, homofobia e machismo. Filósofa, ativista dos direitos civis, feminismo negro, justiça social e abolicionismo penal, cuja obra é um marco na análise crítica da sociedade americana, do sistema capitalista e das suas formas de opressão, especialmente na produção de um racismo institucionalizado nos EUA. O seu pensamento é marcado por uma abordagem teórico-metodológica interdisciplinar, incorporando aportes do marxismo, do feminismo e do ativismo afroamericano. Uma abordagem própria da escola de pensamento da Teoria Crítica. Neste texto, apresenta-se de modo sistemático os principais aportes à academia e às lutas sociais que integra, trazidos pelo seu pensamento. No seu livro Women, Race and Class (Mulheres, Raça e Classe), de 1981, Angela Davis apresenta uma abordagem intersecional, defendendo que as opressões de raça, género e classe se encontram interrelacionadas e se reforçam mutuamente, sendo, portanto, impossível entendê-las de modo independente. Esta ideia está bastante clara na afirmação de que “[S]e queremos construir uma luta revolucionária que seja ao mesmo tempo anticapitalista, antirracista e antipatriarcal, devemos reconhecer que essas lutas são interdependentes. Não podemos lutar efetivamente contra a dominação racial se não lutarmos também contra a exploração capitalista e a opressão sexual” (p. 10). Essa ideia de intersecionalidade é estendida a outros grupos: “Não se pode, por exemplo, compreender a história da escravidão e seus efeitos na vida dos afro-americanos sem estudar também a história da opressão das mulheres, dos povos indígenas e dos trabalhadores em geral” (p.16). Apesar desse enfoque plural, o seu lugar de fala leva-a a dar particular relevo às mulheres negras, uma vez que, segundo ela, estas são sistematicamente deixadas de fora do movimento feminista branco, que tende a se concentrar nas experiências das mulheres brancas de classe média. Desse modo, Angela Davis coloca a mulher negra na condição de agente essencial da transformação social: “a compreensão da inter-relação de raça, classe e…

Karl Marx (1818-1883) foi, indubitavelmente, um dos grandes pensadores dos últimos séculos, tendo contribuído para a formação de um pensamento filosófico voltado a questões económicas e sociológicas. Neste texto, pretende-se apresentar as primeiras propostas teóricas do pensador alemão.

Marx concebia que a história da humanidade – necessariamente a história a partir do estado pós-“selvagem” – estava marcada pela luta de classes. Este primado norteou todo o seu pensamento e produziu efeitos até hoje, permanecendo como um paradigma essencial nas leituras sobre a sociedade. Para ele, todas as sociedades teriam uma sociedade dominante que controlava os meios de produção e uma classe dominada que trabalhava nesses meios de produção. A mudança histórica e as transformações políticas e sociais surgiam, então, no seu entendimento, da luta entre esses dois blocos sociais, as classes, com interesses políticos e económicos distintos. Considerando a sociedade capitalista na qual estava inserido, Karl Marx identificou a existência de duas classes: a classe trabalhadora, correspondendo ao proletariado, composto pelos trabalhadores assalariados que vendem sua força de trabalho em troca de salário; e a classe capitalista, a burguesia, composta pelos proprietários dos meios de produção, como as máquinas, as fábricas ou as matérias-primas, que contratam os trabalhadores para produzir bens e serviços, os quais serão vendidos no mercado. Segundo Marx, essa relação é baseada na exploração, uma vez que os detentores dos meios de produção pagariam salários abaixo do valor do que produzem, lucrando com o excedente gerado pelo trabalho dos seus empregados. Essa exploração é produtora de uma contradição fundamental entre as classes: enquanto a burguesia busca maximizar seus lucros, o proletariado procura a melhoria das condições de vida e de trabalho, como sejam salários mais altos, horários mais razoáveis, condições de trabalho mais seguras, etc. A partir dessa tensão entre interesses opostos, Marx concebia uma inevitável luta entre classes, donde resultaria uma revolução proletária. Para atingir a revolução proletária, os trabalhadores necessitariam de se organizar, de modo a adquirir força, por meio de sindicatos, partidos políticos e outras formas de ação coletiva, visando o estabelecimento de um sistema socialista, no qual seriam os trabalhadores a deter o controlo sobre a produção e distribuição de bens…

O presente texto apresenta uma conciliação entre o pensamento de Thomas Paine e Edmund Burke, historicamente vistos como antagónicos.

O debate entre Paine e Burke [↱] tende a ver visto como um confronto entre visões antagónicas do mundo e, consequentemente, da política. Todavia, decorre a possibilidade de conciliação entre o pensamento destes autores. Em sentido abrangente, Paine era um defensor da mudança radical, enquanto Burke privilegiava a preservação da tradição e da salvaguarda da ordem. Não obstante, as ruturas abruptas tendem para uma reação ultraconservadora por parte de diferentes grupos sociais, produzindo um efeito de tensão social que torna a mudança difícil e foco de reações contrárias de natureza ideológica. Desse modo, uma abordagem de mudança gradual, reconhecendo as deficiências dos padrões e valores sociais dominantes e perante estes almejando um aprofundamento das correções das assimetrias sociais e dos direitos de determinados grupos marginalizados, mas que ao mesmo tempo reconheça a importância de valores, tradições e de um senso de ordem social como fatores de estabilidade, parece ser mais garantística. Esta abordagem é feita por via do desenvolvimento de estratégias e políticas públicas dentro do sistema existente, a fim de promover mudanças progressistas, ou através de reformas graduais por meio de pressão popular e políticas de compromisso. Em segundo lugar, enquanto Burke prioritizava a preservação das instituições estabelecidas, considerando que estas são uma fonte de continuidade e nelas vendo o resultado de um esforço coletivo cuja preservação é ténue, e igualmente enfatizaca a importância da comunidade e do bem comum, Paine tendia para um enfoque no plano dos direitos individuais e da democracia. Contudo, ambos reconheciam a importância de proteger os direitos individuais e garantir que o governo sirva aos interesses do povo. Desse modo, uma aproximação conciliatória seria feita através de uma garantia dos direitos de natureza individual, embora dentro de um contexto de responsabilidade e cuidado para com a comunidade em geral, reforçando, assim, a democracia, enquanto desenvolve mecanismos de reforma das instituições existentes para garantir que elas sirvam melhor às necessidades das pessoas. Ao mesmo tempo,…

O presente texto apresenta o pensamento de Alain de Benoist, filósofo francês da Nova Direita. Complexo, contraditório, com naturais falhas.

Alain de Benoist é um pensador político complexo, cujo pertencimento à Nova Direita se torna curiosamente redutor, tendo em conta que parte do seu pensamento transgride a fronteira entre a Direita e a Esquerda. Exemplo disso, é a sua frase sobre a igualdade: “A verdadeira igualdade não é a igualdade abstrata, mas a igualdade na diferença.” Isto significa que de Benoist se afasta de uma visão rígida da Direita como a conhecemos hoje, em particular, o que à Nova Direita diz respeito, enquanto espaço identitário centrado na homogeneidade cultural, muito presente na Direita Radical Populista, igualmente manifesta noutra frase da sua autoria: “A diversidade é um valor em si mesmo, não é apenas um meio para alcançar outros fins.” O filósofo francês é um manifesto crítico das ideias do universalismo e do globalismo, sobretudo a partir de um enfoque identitário. Ou seja, para de Benoist a diversidade cultural surge como uma riqueza, donde cada povo e nação reserva-se ao direito de preservar a sua própria identidade e o seu próprio modus vivendi. Tal implica uma oposição à ideia de sociedade global que tendendo para a uniformização e supressão de fronteiras coloca em causa a autonomia e a diversidade das culturas, de formando a riqueza da diversidade humana. O avanço de uma sociedade do tipo “aldeia global”, não mais através da aproximação das tecnologias de informação, mas antes na integração numa lógica transfronteiriça, coloca em causa a singularidade das culturas. A homogeneização gerada pela globalização provoca, no seu entendimento, entraves à construção de uma sociedade justa e equilibrada. Isto porque de Benoist considera a pluralidade cultural essencial num quadro de justiça social, a partir da garantia de coexistência de diferentes formas de vida e pensamento, sem que uma cultura domine ou anule as outras, pelo que a diversidade cultural é um valor em si mesmo. Ao enfatizar a diversidade cultural como um antídoto contra a uniformização e homogeneização cultural, processos vistos como uma forma de opressão,…

This text presents a lite approach to the issue of fake news, considering the case study of the german populist and far-right party AfD and the spread of panic among Germans against immigrants and refugees.

It is consensual in our contemporary political studies that moral panic became central in the growth of populist and radical parties’ social alignment. This moral panic was born during the social disrupture of the 1960s. Minor groups and moral changes generated alarm in the majority groups, which started to look into them as a threat to the order and dominant values. In consequence, nationalist right-wing movements gained importance and space to operate. More than inner diversity, the struggle against immigration plays a vital role in their ideology and narratives. Border protection, criminality, terrorism, the situation of women’s rights, and the critics of multiculturalism became the vectors for their struggle to protect the culture and European identities since the 1970s.  Consequently, restricting immigration has been critical for radical right-wing movements. However, according to several reports, the success of anti-immigration politics was fewer due to the fact the States rarely can establish or determine the dynamics of migrations or the labor needs and also faces illegal chains and schemes.  More than labor issues, however, the desire to protect national identities with a protectionist cultural horizon generates support for populist parties. According to the European Social Survey on Right-Wing, Visegrad countries, and Portugal have higher cultural fears. In consequence, the debate on immigration is a code for cultural threat since ‘culture’ is considered static rather than a dynamic and plastic reality based on negotiations and hybrid events.  Thereby, we are now living in a tension between the legal and political will to protect minorities – in the frame of plural and liberal democracy and the rule of law – and the desire to reinforce the will of the majority and the national identities with its cultural basis.  Fake news as propaganda  It is now claimed and considerably consensual that pro-Russian propaganda is linked to migration-related fake news growth. There is a narrative that connects immigration to (a) terrorism, (b) criminality growth, and (c) the consequent…

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