Sou Investigador Doutorado Integrado do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, no grupo de pesquisa sobre Democracia, Ativismo e Cidadania, e escrevo com a regularidade possível em jornais de referência da imprensa portuguesa.
Vivemos um tempo de polarização e «guerras culturais» que produzem efeito na esfera dos direitos humanos que implicações em matéria de justiça social. Este é um tema que me é particularmente caro.
O multiculturalismo representa a diversidade e nesse sentido o direito à diferença, mas ele não é um fim em si mesmo, tal como o relativismo cultural não permite tudo. Uma sociedade plural tem de conciliar a diversidade com um chão comum, de modo a construir uma sociedade com vasos comunicantes e estável, ao invés de ilhas culturais.
A teoria é um instrumento de tradução dos fenómenos, um mapa para entender e analisar a realidade. Em ciências sociais, sobretudo, tem a limitação do olhar, da ideologia, dos seus fazedores, embora sujeitos treinados. No entanto, o próprio treino é um condicionamento do olhar. Se durante demasiado tempo tivemos um olhar preso ao etnocentrismo ocidental, ao patriarcado judaico-cristão e a sua visão supremacista cultural, a teoria crítica revolucionou a ciência ao oferecer um olhar desconstruído e descolonial. No entanto, ao se estabilizar como cânone teórico, foi perdendo o seu sentido de revisão para se tornar num dogma teórico que determina o campo da ação política, de modo essencialista. O que é uma enorme pena.
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